segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Poema: uma teoria do afeto

afeto: sentimento quieto

hábito completo por um preço espasmódico

arco aberto (não abrupto)

contato difuso

fato grosso

gasosa polpa

(semper pulpa)

o carinho amortecido da distância

a infância amolecida de um desejo

o bocejo envaidecido de um gracejo

e vir e ver nas mãos o espesso o grave o sorrateiro:

a coceira engalanada

o gesto cortês

derradeiro? o afeto não termina por não haver peito

certeiro, espera o dia sem brilho de um sol vermelho

comete a loucura de não se preocupar mais em saber:

o afeto

anima sem rima um prisma (a sina)

que se ilumina:

síncope de luz divina

Orlando Lopes