domingo, 1 de março de 2009

Para Ana

Depois que iniciei minha ascenção para a infância,
foi que vi como o adulto é sensato!
Pois como não tomar banho nu no rio entre pássaros?
Como não furar lona de circo para ver os palhaços?
Como não acender ainda mais até na ausência da voz?
(Ausência da voz é infantia com t em latim)
Lá onde a gente grande pode ver o próprio feto do verbo-
ainda em movimento.
Aonde a gente pode enxergar o feto dos nomes -
ainda sem penugens
Porque não voltar a apalpar as primeiras formas da pedra. A escutar
Os primeiros pios dos pássaros. A ver
As primeiras cores do amanhecer.
Como não voltar para onde a invenção está virgem?
Por que não ascender de volta para o tartamudo!
Manuel de Barros

Um comentário:

Anônimo disse...

Tiça,

obrigada pela poesia... linda!

Realmente me sinto uma criança descobrindo o mundo junto com o Artur, e cada descoberta que ele faz é nova para mim também.
Mesmo que eu já tenha visto "aquela pedra" ou tudo antes, quando ele a traz nas mãos é como se eu estivesse vendo pela primeira vez.

obrigada pelo carinho!

beijos
Ana